Como os frequentadores da igreja estão lidando com a tentação?

Todos os dias, somos tentados a fazer algo que sabemos que não honrará a Deus. O Centro de Pesquisa Bíblica (CPB) estudou extensivamente o tópico da tentação e descobriu que diariamente quase todas as pessoas (jovens ou idosas, homens ou mulheres, cristãos maduros ou novos seguidores de Cristo) sentem-se tentadas de alguma forma. Para os homens, a luxúria e a pornografia representam uma tentação quase universal. Embora as taxas sejam menores entre os homens que frequentam a igreja, três em cada cinco citam essa como a tentação mais comum. Para as mulheres, as tentações são mais variadas e individualizadas.

Para entender melhor como os cristãos estão resistindo ou cedendo à tentação, o CPB pesquisou mais de 8.000 cristãos que, juntos, passaram mais de 84 milhões de dias seguindo a Cristo. Descobrimos que:

  • Os homens e as mulheres diferem muito em termos daquilo é tentador para eles;
  • Os tipos de tentações às quais as mulheres são suscetíveis tendem a ser muito pessoais ou exclusivas para cada indivíduo;
  • Entre os homens, as tentações relacionadas à sexualidade são as mais comuns;
  • Para as mulheres, uma estratégia personalizada para enfrentar a tentação pode ser mais promissora, enquanto para os homens, as abordagens que lidam com as tentações sexuais são mais necessárias.

Os resultados de nossa pesquisa acerca das tentações que os cristãos enfrentam e como lidam com elas fornecem informações importantes que podem ajudar outras pessoas a “vencer o dia” espiritualmente.

Nosso estudo

Um total de 8.285 pessoas que se identificaram como seguidores de Cristo responderam à nossa pesquisa em todos os 50 estados dos EUA. Cerca de 63,1% dos entrevistados eram mulheres. Os entrevistados eram principalmente de meia-idade, com uma média de idade de 49 anos, e a maioria (72,1%) era casada. Cerca de um em cada cinco era divorciado (11,8%) ou solteiro/nunca foi casado (9,8%). Apenas 0,5% dos entrevistados indicaram que estavam “morando com um(a) companheiro(a)”.

A maioria dos participantes tinha sido cristã durante a maior parte de suas vidas, frequentava a igreja pelo menos uma vez por semana e estava envolvida em atividades que costumam promover a maturidade espiritual.

  • Quase todos declararam orar pelo menos uma vez por dia;
  • 80% havia lido ou ouvido a Bíblia pelo menos quatro dias na semana anterior;
  • Mais de 60% tinham um amigo próximo ou mentor que os ajudava a crescer espiritualmente;
  • Um pouco mais da metade participava de um grupo de estudo bíblico que não fosse a escola dominical.

Como os cristãos são tentados?

Uma minoria dos entrevistados (e, às vezes, uma minoria significativa) estava envolvida em comportamentos que poderiam colocá-los em um risco espiritual, físico ou relacional.

Com exceção do sexo fora do casamento, os homens eram mais propensos do que as mulheres a se envolver em comportamentos de risco. Embora houvesse diferenças entre as respostas de homens e mulheres, elas eram geralmente pequenas, com duas exceções notáveis: pensamentos negativos/violentos contra si mesmo ou outros, e pornografia.

  • Os homens (20,4%) relataram pensamentos negativos ou violentos com mais frequência do que as mulheres (15,0%).
  • Eles apresentaram também dez vezes mais probabilidade de relatar a pornografia como um hábito do que as mulheres. Quase um em cada quatro homens que seguem a Cristo indicou que se envolve em pornografia pelo menos uma vez a cada poucos meses.

Quando questionados acerca de quais tentações eram mais frequentes, as respostas diferiram drasticamente entre homens e mulheres. As mulheres relataram uma grande variedade de tentações, sendo que nenhuma delas representou muito mais do que um décimo do total de respostas. As tentações mais comuns para as mulheres eram fofocar, comer em excesso e gastar demais, embora apenas para uma minoria.

Para os homens, as tentações relacionadas à sexualidade foram as mais comuns. De fato, a tentação do sexo foi relatada dez vezes mais pelos homens do que a preguiça, que era a segunda tentação mais frequente.

Os entrevistados da pesquisa também foram questionados acerca do impacto da tentação em suas vidas. O sexo foi mais comumente apontado como a tentação que teve o maior impacto, representando 20% dos seguidores de Cristo. Comer em excesso foi a segunda resposta mais comum (5,5% da amostra). Embora a tentação sexual tenha o maior impacto tanto para homens quanto para mulheres na amostra, ela foi mencionada com mais frequência pelos homens. Um em cada três homens (33,7%) indicou que a tentação sexual foi a que mais afetou suas vidas, em comparação com 15,3% das mulheres. Comer em excesso foi a segunda resposta mais comum entre as mulheres (8,3%). Para os homens, o álcool (2,7%) ficou em segundo lugar.

Com que frequência os cristãos são tentados?

Quando questionamos “quantas vezes você se sentiu tentado a fazer coisas erradas ontem”, quatro em cada cinco (80,8%) seguidores de Cristo relataram ter sido tentados entre uma e dez vezes. Cerca de metade (49,9%) indicou ter sido tentada de uma a três vezes no dia anterior. Em média, os homens relataram níveis significativamente mais altos de tentação do que as mulheres. Os homens relataram uma média de 14,4 tentações no dia anterior, e as mulheres relataram uma média de 10,7 tentações.

Também perguntamos por quantos minutos eles haviam sido tentados a fazer coisas erradas no dia anterior. Os entrevistados deram uma ampla variedade de respostas, de zero a 600 minutos (basicamente durante todo o período em que estiveram acordados). O número médio de minutos de tentação foi de 36.

Para examinar ainda mais o impacto da tentação, perguntamos quantos dias eles passaram pensando sobre a tentação. As respostas variaram bastante, desde nenhum até mais de 900 dias (ou seja, cerca de três anos). Em média, os cristãos passaram quase um ano pensando em sua tentação mais grave. Os homens passaram muito mais dias pensando nisso do que as mulheres (342 dias e 310 dias, respectivamente).

Quando questionados se cederam à tentação, a maioria dos cristãos indicou que o fizeram pelo menos algumas vezes. Dezesseis por cento responderam “sim” e 63,4% responderam “às vezes ‘sim’, às vezes ‘não’”.

Novamente, encontramos diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres. Os homens eram mais propensos do que as mulheres a indicar que não cederam à tentação. No entanto, é muito provável que a cessão esteja relacionada ao tipo de tentação (por exemplo, sexo versus fofoca) em lugar de uma diferença elementar na capacidade de resistir à sedução.

Mesmo que um cristão não ceda à tentação, apenas o fato de ter sido tentado pode ter um impacto. Por exemplo, descobrimos em uma pesquisa do CPB que a tentação da luxúria e as altas taxas de uso de pornografia estão associadas aos sentimentos de desânimo e amargura, à necessidade de se esconder dos outros e à incapacidade de agradar a Deus (Cole & Ovwigho, 2013). Isso é especialmente verdadeiro para aqueles que acreditam que pensar na tentação é tão ruim quanto cometê-la. Em nosso estudo sobre tentação, um em cada dois (48,8%) participantes da pesquisa disse acreditar que pensar a respeito da tentação é tão ruim quanto cometê-la. Já 9,6% respondeu que não tinha certeza.

Como os cristãos resistem à tentação?

A tentação é um fato da vida dos cristãos, no entanto, também sabemos que, por meio de Cristo, podemos resistir à tentação:

“As tentações em sua vida não são diferentes daquelas que outros enfrentaram. Deus é fiel, e ele não permitirá tentações maiores do que vocês podem suportar. Quando forem tentados, ele mostrará uma saída para que consigam resistir.” 1 Coríntios 10:13

Quando questionados acerca daquilo que os ajudou a “resistir à tentação no dia anterior”, não foi surpresa que a maioria das respostas tenha sido fundamentada na espiritualidade. Cerca de 26,6% respondeu que seu relacionamento com Deus os ajudou a resistir à tentação. Da mesma forma, um em cada cinco se engajou com a Palavra de Deus e quase a mesma proporção orou a Ele pedindo ajuda.

É interessante notar que pouquíssimos entrevistados disseram que outras pessoas, algum tipo de prestação de contas, ou a igreja os ajudaram a permanecer firmes contra a tentação. Quase 62,1% dos entrevistados responderam “não” quando questionados se alguém os havia cobrado em razão de seus pensamentos nos últimos sete dias. É importante observar que as mulheres (33,9%) tinham uma probabilidade significativamente maior de relatar que haviam conversado com alguém a esse respeito do que os homens (31,9%).

Como a tentação afeta o engajamento com as Escrituras?

Muitos seguidores de Cristo vêem o engajamento com as Escrituras como a melhor maneira de resistir à tentação. Para alguns, no entanto, a tendência é fugir de Deus e de Sua Palavra em momentos de luta:

A tentação afeta totalmente minha interação com Deus e a frequência com que leio a Bíblia! Posso afirmar que a última coisa que tenho vontade de fazer depois de não conseguir resistir à tentação é ler a Bíblia com a consciência pesada, mesmo que eu tenha pedido perdão. Ler a Bíblia com a consciência pesada me faz sentir como um impostor e como se eu estivesse apenas usando a Deus. Fico exausto só de pensar em quanto trabalho precisa ser feito antes de me tornar um cristão melhor.

Às vezes, isso me faz sentir um fracassado e como se ler a Bíblia fosse uma perda de tempo, porque continuo fracassando.

Quando examinamos a relação entre o número de dias dedicados às Escrituras e a quantidade de tentações, descobrimos que aqueles que liam ou escutavam a Bíblia pelo menos quatro dias por semana disseram ter sido tentados a fazer coisas erradas mais vezes no dia anterior (12,2) do que aqueles que se dedicavam às Escrituras de um a três dias (11,9) ou não se dedicavam de forma alguma (10,4). As diferenças, entretanto, não são estatisticamente significativas. Uma possível explicação para a direção contraintuitiva dessa tendência é que aqueles que se engajam ativamente com a Palavra de Deus podem ser mais sensíveis à tentação. Em outras palavras, eles podem ser mais propensos a perceber, lembrar e contar possíveis tentações, uma vez que os padrões de um Deus santo estão em primeiro plano em suas mentes.

Com relação aos impactos de longo prazo da tentação, um engajamento maior com as Escrituras está significativamente associado a menos dias pensando na tentação. Os cristãos que leem ou ouvem a Bíblia pelo menos quatro dias por semana passam, em média, 318 dias pensando na tentação que teve o maior impacto em suas vidas. Aqueles que não se engajaram com as Escrituras contaram ter pensado na tentação por uma média de 384 dias (cerca de dois meses a mais).

Preparando-se para “vencer o dia” amanhã

Quando questionados se “vencer a tentação hoje será o primeiro passo para vencer amanhã”, a grande maioria (92,1%) concordou. Além disso, quando questionados sobre “o que ajuda você a espiritualmente vencer o dia hoje”, os cristãos apontaram o engajamento com a Bíblia como sua estratégia número um (25,3%), seguido pela oração (23,3%) e pelo relacionamento com Deus (15,0%).

Por mais bobo que pareça, quando eu morrer, quero ouvir “muito bem, meu filho bom e fiel”. Penso nisso e em como Deus deve ficar triste quando eu peco.

Você não é culpado de pecado porque é tentado. Você é culpado quando insiste nele ou age de acordo com ele.  A melhor maneira de resistir é mudar o pensamento para outra coisa, especialmente para Deus e Jesus.

As respostas à pergunta aberta sobre como as pessoas superam a luta espiritual diária indicam que muitos cristãos desejam receber ajuda de forma pessoal, sem julgamento, confidencial e de fácil acesso:

É difícil conversar com pessoas que você conhece na igreja sobre problemas específicos (especialmente para pastores). Talvez criar um fórum onde os cristãos possam entrar em contato com outros cristãos on-line para prestar contas.

Estou procurando alguns estudos bíblicos realmente bons e aprofundados aos quais eu possa me dedicar, de preferência on-line, pois é muito acessível. Prefiro o tipo interativo que me faz pensar e realmente me avaliar diante de Deus.

Seria ótimo ter um amigo cristão com quem conversar, alguém que eu não perceba que está incomodado ou se sente sobrecarregado ao falar comigo. Já paguei pelo serviço de aconselhamento no passado, mas não tenho mais condições de arcar com isso.

Conclusões

Os seguidores de Cristo enfrentam tentações todos os dias. Mesmo os cristãos maduros que se dedicam às Escrituras e à oração ainda lutam contra comportamentos destrutivos, como pornografia, jogos de azar e pensamentos violentos. Em nosso estudo, praticamente todos os cristãos enfrentavam tentações várias vezes ao dia. Para as mulheres, o tipo de tentação variava de fofocas a comer demais e atitudes negativas em relação aos cônjuges. Para os homens, a tentação sexual foi um tema comum, identificado como um problema por quase 40% dos cristãos do sexo masculino.

Os entrevistados também indicaram que seu relacionamento com Deus, a leitura das Escrituras e a oração os ajudaram a resistir à tentação. Para alguns, entretanto, os sentimentos de culpa associados à tentação os levaram a fugir de Deus em vez de correr em direção a Ele. Para combater a tentação, as descobertas sugerem que os cristãos devem se engajar frequentemente com a Palavra de Deus. Além disso, os cristãos desejam e necessitam de conexões com outros cristãos para lidar honestamente com suas tentações, acompanhar e incentivar uns aos outros a correr em direção a Cristo e não para longe dele.

Veja pesquisas relacionadas do CPB:

Vencendo o dia espiritualmente: resultados da pesquisa sobre tentação (em inglês)

Enfrentando o “elefante no banco da igreja” (em inglês)

Crises espirituais entre os homens (em inglês)

Veja conteúdos de Ministérios Pão Diário relacionados a esse: 

Como perceber uma tentação (vídeo em inglês)

Quando se afastar (em inglês)

Quando as coisas ficam difíceis (em inglês)

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